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domingo, 24 de março de 2013

Shin Gi Tai.

Oss!





Certamente você já ouviu falar na necessidade do Artista Marcial trabalhar no desenvolvimento do "espírito", da técnica e do corpo, a tríade Shin, Gi e Tai.


  • Shin kokoro/ mente, "espírito".
  • Gi/ waza, técnica.
  • Tai/ karada, corpo.
No desenvolvimento da Arte Marcial como um todo, torna-se imprescindível o conhecimento dessa estrutura afim de avançar cada vez mais em direção a seus objetivos.
Dentro da minha experiência como Artista Marcial e educador, a familiarização com esse conceito é fundamental para a completude como lutador ou como Mestre, e é por isso que resolvi abordar esse assunto, e farei-o em três etapas.

SHIN

Shin Kokoro ou simplesmente Shin, está relacionado a tudo que diz respeito ao desenvolvimento da 
mente no sentido da ampliação da capacidade de concentração, determinação, análise, estratégia e reação, dentro e fora do Dojo ou combate.
Concentração ou foco é a capacidade de estarmos "presentes" ao momento. Para que fique mais claro vamos fazer uma pequena explanação sobre o pensar.
Nosso cérebro haje como um magnífico computador, que avalia, mede, calcula, compara, inclui, exclui, julga e reage em frações de segundos ou mile segundos de acordo com seu condicionamento específico que constitui-se basicamente por "memória".
Quando pensamos basicamente acessamos nosso "HD" de memórias: Memória RAM (registro automático de memória), memória sub-consciente ou inconsciente e memória consciente  e através dessas memórias traçamos toda análise da situação.  O "furo" é que toda nossa capacidade analítica dependo só do que sabemos, e o que sabemos é muito pouco ou quase nada, mas isso é conversa para outra hora.

A estrutura mental resume-se basicamente em percepção, pensamento, emoção e reação.
Primeiramente você percebe a ação, em seguida acessa seu "HD" e baseado em sua experiencia, pensa a respeito e em seguida surge uma emoção em relação ao seu pensamento e de bate e pronto surge uma reação

A caráter ilustrativo: "Você está dirigindo em um daqueles engarrafamentos, quando de repente, ouve aquela buzina, percepção. Imediatamente você acessa seu "HD" onde certamente há uma "má" memória em relação a essas buzinadas e pensa: "#@% tá com pressa, sente a emoção relativa a esse pensamento e manda um, passa por cima!! (no mínimo) reação." Ai está o "Furo". O coitado só queria avisar que sua porta traseira estava aberta!
A meditação nos ensina a não julgarmos, (pensar sobre), pois assim possibilitamos enxergar a 


situação como ela é, sem pensamentos e emoções, apenas percebendo e reagindo se assim for 
necessário.

O Artista Marcial deve pular essas duas etapas nesse processo indo diretamente da percepção à reação, 
eliminando assim o pensamento e a emoção para conseguir ações mais rápidas, eficazes e isentas.
Temos dois caminhos para trabalharmos o desenvolvimento dessa situação. 
A primeira é o "Mokusso", a prática meditativa para, literalmente, esvaziar a mente antes e após a prática, porém o Mokusso pode e deve ser treinado em qualquer lugar e hora. Durante a prática do Mokusso o praticante deve inicialmente evitar" idas e vindas" ao passado e ao futuro, em pensamentos, focando-se no momento presente.
 Uma das técnicas é observar a respiração de maneira contemplativa, sem interferências, atento a cada movimento do abdomen, tórax, costelas e costas durante a entrada e saída do ar, tornar-se um expectador do movimento respiratório.
 Na sequencia utilizar cada sentido, tato, olfato, audição e visão para observar sensações, odores, sons e pontos, sempre isolados separando-os dos demais. Exemplo durante a meditação, focar-se em um único som observando-o atentamente. Durante esse processo não é possível elaborar pensamentos, é mais ou menos como ler um livro, quando você pensa em alguma coisa durante a leitura, tem que reler a página inteira.
A segunda maneira é a repetição, porém não só a repetição do movimento simples mas também a repetição sequenciada e mais importante, da situação de combate, dai a grande importância dos Katas e principalmente dos "Handoris".    
A memória para movimento, ou a capacidade de memorização de movimentos sequenciados, chama-se "Engrama", e a memória para a excussão de "movimentos extremamente rápidos" chama-se "Engrama Motor", ou seja em termos "neuromusculares" é muito importante criarmos memórias a 
cerca das técnicas que desenvolveremos durante um combate.
Para esse treinamento desenvolvo uma prática que chamo de "Estudo de Combate", onde os alunos 
travam uma luta em "câmera lenta" onde há tempo para visualizar o ataque e discernir qual a melhor opção e executá-la. Outro treinamento muito eficaz é o de "Renzoku Waza", (técnicas de sequencia), à exaustão, assim quando a técnica treinada surgir em um combate o engrama motor entrara em ação, viabilizando uma resposta rápida, eficaz e isenta. 

Atualmente em meus treinamentos, com um dos atletas de maior ascensão no Karatê brasileiro, Jayme Sandal, fazemos Handoris de mais de quarenta minutos ininterruptos, com as técnicas completas do Karatê Jutsu, o que tem acrescentado diversidade e versatilidade ao jogo de Jayme que segue conquistando cada vez mais, melhores resultados.

Oss!






segunda-feira, 18 de março de 2013

Artista Marcial X Lutador.







Oss!

Vivemos um momento privilegiado, nós amantes das Artes Marciais. O MMA  e a sua ascensão e projeção mundial, é um verdadeiro presente para todos nós.
 Lembro-me de quando nosso universo era restrito às competições das quais participávamos, ou de uma notinha de canto de pagina no Jornal dos Esportes, (o rosinha lembram?), sobre o Judo ou o Boxe. E não poderia deixar de falar dos desbravadores deste território inóspito, às revistas especializadas, na sua grande maioria "gringas", com matérias sobre Bruce Lee, Chuck Norris e Cia.
E ainda tinha a galera que viajava e conseguia varias "fitas" de eventos como o K1, Pancrase e posteriormente os primeiros eventos do UFC.

Hoje temos, uma grande diversidade de programas e eventos de todas as modalidades, amadoras e profissionais. Graças a mídia conhecemos a vida de alguns dos maiores expoentes das Artes Marciais, intimidade, treinamentos, objetivos, ascensão e queda de ídolos.Porém, ao meu ver, o mais importante é a oportunidade de podemos aprender a diferenciar o Lutador do Artista Marcial.

Onde reside a maior diferença?

O lutador normalmente é a pessoa que encontrou nas Artes Marciais, um meio de provar algo para alguém ou para si próprio, utilizando-se da Arte para a conquista de títulos, status e dinheiro, o que certamente é uma incógnita, pois nada disso pode acontecer e fatalmente ele ira se decepcionar. Ainda que conquiste títulos, um dia ele se tornará ex, e quanto ao status. o mundo normalmente tem uma péssima memória, e certamente ele será esquecido e o dinheiro se mal utilizado, acabará.
Esses sobressaltos certamente o desviarão do caminho, e ele o deixara, e mesmo que nada disso aconteça, em algum momento a motivação desaparecerá, e quando o corpo já não puder acompanhar suas expectativas de "vitória" será o fim de seu caminho.

O Artista Marcial é a pessoa que se funde a Arte e a utiliza como instrumento de continua evolução e desenvolvimento, o que em ultima análise, é um processo ininterrupto pois trata-se de um movimento  expansivo não só físico como também de consciência,  que uma vez iniciado não cessa.
Títulos, status e dinheiro podem vir como consequências de um trabalho bem realizado, ganhar dinheiro seja lá com o que você faz, principalmente se você o faz bem, com verdade e dignidade, é extremamente positivo.
Tornar-se ex, e utilizar-se do conhecimento, que só quem esteve "lá"pode ter, e compartilha-lo, torna-se um processo de renovação que irá perpetuar toda e qualquer conquista, onde derrotas são aprendizado, por tanto nada é perdido, e irá direcioná-lo para a estrada do saber e ensinar, para que um dia num movimento contínuo e natural ele se torne um Mestre da Arte e da vida, e isto é Dō, como um rio que não cessa seu fluxo intermitente e constante em direção ao mar, hora bravio com corredeiras e cachoeiras, e horas pacífico e calmo como quando em planícies rasas e longas.

Neste sábado, tivemos o privilegio de assistir o confronto desses dois lados da Arte Marcial.
George Sain't Pierre, um artista marcial na acepção da expressão, cortes  honrado, disciplinado e focado. Do outro lado Nick Dias o arquétipo do lutador, destemido, desafiador, prepotente e voraz.
Nesse confronto os vencedores fomos todos nós, pois pudemos assistir não só a vitória de um grande "campeão", que usou todos os recursos e estratégias proporcionados pela Arte, mas também presenciamos a humildade e cortesia de um grande artista marcial.
Por sua vez o lutador que perseguia unica e exclusivamente uma "cruzada" pessoal, quando interposto por um obstáculo que nada o ensinara, portanto uma derrota, desmotivado anunciou o fim de sua carreira.


Independentemente da aplicação competitiva ou não das Artes Marciais, inobstante almejarmos ou não o mestrado, ou qualquer outro seguimento da Arte, o verdadeiro artista marcial jamais abandona o Dojo, pois ele entende que o desenvolvimento é infindável e que ele é a própria fonte, pois não há nada do lado de fora.

Oss!

segunda-feira, 11 de março de 2013

Jutsu e DÔ.






Oss!

Durante o longo caminho percorrido por mim no entendimento das artes marciais uma questão me acompanhou durante muitos anos, causando muitas vezes questionamentos e incerteza à cerca de meu rumo e objetivos. Como artista marcial que sou, não seria fiel às minhas crenças e convicções se não dedicasse ao menos uma breve passagem a este assunto.
                  Primeiramente gostaria de esclarecer o significado dessas duas palavras.
JUTSU: Arte; Técnica.
: Caminho; Via, Modo.
       Provavelmente o amigo leitor já ouviu falar em JU-DÔ e JU-JUTSU ou Judô e Jiu-jitsu como são mais conhecidas essas duas artes que são muito difundidas no nosso país onde temos respectivamente atletas medalhistas olímpicos e campeões mundiais.
        Pois bem, para que possamos compreender bem façamos uma breve incursão histórica pelo Japão feudal mais precisamente pelos anos de 1603 quando foi instituída a ditadura militar conhecida como Xogunato Tokugawa até 1868 quando teve início a Restauração Meiji, uma série de eventos que levou a uma mudança na estrutura político social do Japão, a chamada pacificação.
         Durante séculos o Japão foi assolado com guerras civis entre os feudos, nessa época ocorreu o surgimento do Bujutsu (武術), que era um conjunto de técnicas ou artes marciais, que somente podiam ser treinadas pelos Bushi (samurais), visando seu uso em batalha. Artes como o Kenjutsu(técnica da espada), Kyujutsu(técnica do arco) e o Ju-Jutsu(arte suave) que naquela época compreendiam técnicas de golpes(atemi wasa), técnicas de projeções ou quedas(nage wasa) e técnicas de solo(ne wasa), eram  treinadas apenas para tornarem-se eficientes e letais em combate, porém o árduo treinamento à busca da perfeição técnica remetia a uma conduta diferenciada onde conceitos éticos e morais surgiram  norteando e dando um significado mais profundo às Artes Marciais, alicerçada por conceitos de disciplina e hierarquia pertinentes as práticas militares.
         Com o fim da era Tokugawa e o início da pacificação do Japão, as técnicas marciais ou Bujutsu começam a perder a sua importância como instrumento de guerra já que a “Classe Samurai” estava extinta e frente aos novos armamentos a maioria das técnicas tornava-se inútil. O que fazer então com séculos de cultura marcial?
         Através desses séculos de guerra, a prática, o estudo e o desenvolvimento das técnicas marciais explicitavam um poderoso veiculo sócio educativo, além dos óbvios benefícios físicos e mentais. Seria esse o novo caminho, evidenciar a filosofia em detrimento à busca pela eficiência letal.
         Porem para reguardar o patrimônio marcial japonês era necessárias adaptações para se adequar aos os novos tempos. Novos objetivos foram propostos. A meta não poderia ser mais a guerra. Outra mudança foi com relação ao público que tinha acesso às antigas técnicas: os samurais já não existiam mais. A nova finalidade foi explicitar o caráter formador e educacional em detrimento da busca pela eficiência letal. Através do treino das técnicas se cultivaria corpo, mente e espírito para o auto-desenvolvimento, e as técnicas estavam abertas para toda a sociedade.
 Logo, muitas técnicas foram adaptadas e algumas até eliminadas. Não seriam mais técnicas mortais, visando a guerra, exclusiva dos samurais, mas caminhos educacionais para o aperfeiçoamento humano que estavam ao alcance de qualquer um.
 As artes marciais migrariam então para o “Dô”, que significa tornar-se um caminho pelo qual se busca o auto conhecimento e auto aperfeiçoamento. Uma "Via" para o desenvolvimento humano.
         Contudo o que se seguiu foi apenas uma mudança no foco, para assegurar a sobrevivência das artes marciais no novo mundo, e não uma mudança estrutural como a que é praticada nos dias de hoje.

          Desta feita artes antes conhecidas como Ju Jutsu, Ken Jutsu, Karate Jutsu, etc, tornaram-se os modernos Ju Dô, Ken Dô, Karate Dô,etc... O mais difícil porém é que entendamos a conotação comportamental do Jutsu e o Dô.
          A conotação filosófica diz respeito unica e exclusivamente aos "objetivos" preconizados a cada uma dessas palavras, Jutsu(eficiência), Dô (busca), não tendo absolutamente influência alguma na prática desta ou daquela modalidade, apenas os fins deveriam ser mudados e não os meios. Os tempos modernos trouxeram as competições e com elas inúmeras "mudanças na estrutura" ocorreriam, seria necessário confrontar a mesma técnica entre seus praticantes à busca de um campeão, o que fatalmente ocasionou uma significativa perda na eficiência, pois o treinamento seria agora direcionado a técnicas previstas dentro de um universo de possíveis ataques e contra-ataques, pertinentes a cada modalidade.
         A pouco mais de uma década uma nova maneira de se confrontar as técnicas surgiu, colocando diferentes modalidades em um confronto direto. Por alguns anos o Jiu-Jítsu Brasileiro dominou este cenário, talvez por ser a única arte a preservar os objetivos originais, (eficiência letal), sejam eles permitidos ou não em um confronto esportivo. O que se seguiu foi um completo paradoxo, a “evolução das lutas,”, nada mais era do que a volta às origens ampliando suas possibilidades, quando o que tínhamos era o objetivo de enfrentar oponentes desconhecidos, conhecedores ou não de alguma técnica, o que abriria um sem número de incógnitas onde os objetivos distavam em muito de “pontos ou notas”, e a busca era pela eficiência na totalidade.

                                                  JUTSU e DÔ
                  Quando um médico pratica caligrafia, para que suas receitas sejam absolutamente legíveis,  não deixando assim margem para um eventual equívoco por parte de um paciente ou enfermeiro, isto é Jutsu.  

Se um digitador treina caligrafia para alcançar excelência na escrita, em detrimento de sua funcionalidade, isto é Dô. 

Se um artista marcial golpeia 10.000 vezes com a espada para que ela se torne a extensão de seu braço, e seu golpe uma segunda natureza  capaz de subjugar qualquer oponente, isto é Jutsu.
 Porém se ele o faz à busca da perfeição, para dentro dos preceitos técnicos da arte encontrar um modo de vida,não obstante sua "anacronicidade", isto é Dô.

 Minha “luta”, porém, é no sentido de esclarecer a proximidade desses dois sentidos da arte, pois se mesmo nos tempos de guerra mais feroz, onde o Jutsu imperava, o “Bushi-Dô”, código de ética não escrito, que preconizava dar ênfase à lealdade, fidelidade, auto sacrifício, justiça, modos refinados, humildade, espírito marcial, honra e, acima de tudo, morrer com dignidade, que em última análise reúne todos os preceitos do Dô, era extremamente valorizado, por que hoje em que esse tempo já se vai longe, não se consegue mais promover essa união.

                  O objetivo do Dô é aperfeiçoar o “Ser Humano”, o do Jutsu, sobrepujar o “Ser Humano”, e é ai que se esconde o grande paradoxo das artes marciais.

 Na busca incessante pela excelência técnica, perseguindo a máxima eficiência,  cercados por conceitos de honra, disciplina e respeito, nos deparamos com momentos de total solidão e introspecção que nos conduzem a um maior autoconhecimento e consequentemente nos criam a possibilidade de melhorarmos como Seres Humanos.

                  “ A busca pela “eficiência” nos torna obstinados pela “perfeição”, e é quando entendemos nosso modo de vida, o que em meu entendimento é  a união entre o “Jutsu” e o” Dô”, que são segmentos e como tal, não devem ser separados.

 “Treinar sem buscar a totalidade da  arte, é tão equivocado quanto alcançá-la sem entender a responsabilidade que isto requer”.  Vinicio Antony.


Oss!


quinta-feira, 7 de março de 2013

Estrutura do Karatê Jutsu.

Oss!

O universo de técnicas compreendidas no Karatê é infinitamente maior do que a grande maioria dos praticantes pode imaginar.

Atualmente o Karatê competitivo restringiu de tal maneira a gama de possibilidades, que o lutador que domine técnicas de chutes giratórios, por exemplo, passa a ser considerado fora de série. Não que não sejam técnicas de difícil execução, porém todos deveriam conhecê-las e treina-las.

O Karatê Jutsu como Arte de combate, vislumbra todas as nuances de uma luta, com técnicas aplicáveis a qualquer campo em que a luta transcorra, e de acordo com as características de seu oponente. Definindo-se assim como uma Arte de estratégia, inteligência e eficácia.

Existem três grandes grupos de técnicas:

  •  Atemi Waza; técnicas de luta em pé.











  • Nage Waza; técnicas de projeções (quedas).













  • Ne Waza; técnicas de luta no solo.











Esses grupos são subdivididos em outros grupos menores de técnicas, heis aqui algumas delas:

Atemi Waza: O Waza, Ura Waza, Renzoku Waza, Uke Waza, Sabaki Waza e Todome Waza.

Nage Waza: Koshi Waza, Ashi Waza e Sutemi Waza.

Ne Waza: Ossae Waza, Shime Waza e Kansetsu Waza.

A maior dificuldade porém está na transição entre as técnicas, ( Juban-no Ma-ai),  fragmentadas pelas divisões dos estilos, que excluíam ou acrescentavam o que fosse necessário ou conveniente a cada Escola, e com a chegada da era moderna e das competições decretariam definitivamente a deterioração das Artes Marciais como Arte de Combate, tornando-as meros jogos com golpes e regras pré determinados dentro do universo da especificidade de cada modalidade.

Não falo contra as competições, pois para mim foram grande aprendizado, porém o verdadeiro Artista Marcial não deve desconectar-se do todo da Arte, e entender a competição como uma pequena parte transitória de sua jornada rumo a sua completude.



Oss! 

terça-feira, 5 de março de 2013

OSS!!?? E Você, sabe o que é?



Oss!


Popularizado ao extremo, o nosso OSS, agora é figurinha fácil em qualquer revista, programa, entrevista ou combate, seja ele de Karatê ou outra modalidade qualquer, mesmo que não seja Japonesa, nacionalidade dessa palavrinha tão na moda.

Durante anos o conceito representado pelo Oss, foi desprezado dentro do próprio Karatê. É até hoje muito comum "kohais" adentrarem recintos ou cruzarem por um Senpais, Senseis ou até mesmo um Shihans, sem executarem a premissa maior das Artes Marciais, a cortesia. Eu mesmo, hoje Faixa Preta Godan, sou cumprimentado mitas vezes com um tapinha nas costas ou um despretensioso, "E ai?" 

" O Karatê começa e termina com a cortesia!" (Gishin Funakoshi.), e isso deve ser ensinado no Dojo, ao meu ver em maior proporção até do que a técnica.

Mas o que é realmente OSS? Qual sua verdadeira origem e significado?

A expressão OSS foi criada na Escola Naval Japonesa, e é usada universalmente para expressões do dia-a-dia como "sim",”por favor,", "obrigado", "entendi", "desculpe-me", para cumprimentar alguém, etc.
 No mundo do Karate para quase qualquer situação onde uma resposta seja necessária, Oss bastará, para um karateka é a palavra mais importante.

Oss, ou Osu, é uma expressão fonética formada por dois ideogramas, ou caracteres, (cabeçalho do texto), que na verdade é a contração da palavra japonesa "Ossishinobu",.

O primeiro caracter "osu" significa literalmente "pressionar", e determina a pronúncia de todo o termo. 
O segundo caracter "shinobu" significa literalmente "suportar".

A palavra OSS, implica em pressionar a si mesmo ao limite de sua capacidade e suportar.
 OSS significa, de uma maneira mais simples, "perseverança sob pressão". É uma palavra que por si só resume a filosofia do Karate.

 Um bom praticante de Karate é aquele que cultiva o "espírito do OSS", que também pode ser resumido no mandamento do "Dojo Kun".


努力の精神を養うこと
           Hitotsu, Doryōku No Seishin O Yashinau Koto.
           Primeiro - Desenvolver a persistência e o esforço. 


Oss!

   

segunda-feira, 4 de março de 2013

Cachorro Louco sim, mas "burro" não!!!

Oss!

Nesse sábado dia 2 de Março, ou Domingo 3 no Japão, como queiram, nosso Brazuca Wanderlei Silva o "Cahorro Louco " demonstrou que continua louco, mas que de burro, não tem nada.

Silva enfrentou o ex-campeão do extinto WEC, o americano Brian Stann.
Mais jovem, mais forte, o americano era tido como favorito frente ao nosso Wand que vem de uma fase muito irregular, perdendo cinco de suas ultimas oito lutas.

Wand demonstrou porque dominou durante seis anos o extinto Pride (evento japonês, também absorvido pelo UFC). Preservando suas características de trocador, Wand se apresentou com uma postura mais estratégica, não se furtando ao que o consagrou como um dos maiores lutadores da História, a troca franca de golpes, porém com um plano de jogo perfeito, mostrando que é possível mesclar "coração" e inteligência, Wand protagonizou o que foi uma das melhores lutas do ano até agora.

Em minha opinião, Wandelei Silva possui as ferramentas necessárias para figurar entre os melhores do mundo em sua categoria, visto que derrotou Kung Le, ex-campeão do Strikeforce e agora o ex-campeão do WEC dois dos maiores e melhores eventos do mundo. Inquestionávelmente ele não é dos lutadores mais técnicos e nem tem o queixo mais "duro", porém é certamente um dos maiores guerreiros desse esporte, capaz de suportar e se recuperar de qualquer castigo, e com a estratégia certa capaz também, de derrotar qualquer um.

Parabéns "Cachorro Louco"!!!

Oss!

sexta-feira, 1 de março de 2013

O que você acha que sabe?



Oss!

A pouco tempo atrás em conversa com um dos maiores "ícones" do Karatê tive a, desagradável, confirmação  do que eu começara a desconfiar logo nos primeiros anos de faixa preta, e que viria a descobrir e acreditar após algum tempo de pesquisa e estudo. " A grande maioria das pessoas não faz a menor ideia do que é Karatê"!!

Provavelmente muitas pessoas irão dizer que é muita prepotência minha, farão vários comentários pejorativos e pronto, voltarão a se esconder atrás de sua ignorância ou da ignorância comprada de seu "Mestre", Zona de Conforto!

Tive o prazer de conviver, muito menos do que gostaria, com um dos verdadeiros mestres dessa arte e da vida, e talvez isto tenha me deixado mal acostumado. Um homem que tinha a hombridade de dizer: "Não sei", e em seguida procurar os meios para encontrar o conhecimento requerido.



Mestre Professor de grande saber e nomeada.  O que é perito ou versado em qualquer ciência ou arte.



Ser Mestre é buscar o saber para compartilhá-lo, e não criar "Dogmas" acerca do conhecimento empírico, colocando-o como verdade absoluta e incontestável.
Que é o que os grandes "Mestres", "Baluartes" de nosso Karatê o fazem, mostrando um profundo desconhecimento do compartilhar.

O que vejo é um absurdo jogo de "EGOS" e vaidades onde o importante não é proliferar o conhecimento e a essência de nossa Arte, mas sim ter "opiniões convenientes" e razão, sempre razão. O principio básico é mais ou menos assim: O "Mestre" nunca erra, as poucas vezes em que ele se engana a culpa é do aluno!
E de certa forma é verdade pois temos os mestres que escolhemos e por tanto, merecemos.

Quando um "Mestre" diz a um aluno que o quimono do Karatê é branco pois o branco significa a pureza do espírito do artista marcial e mais um punhado de besteiras, e o aluno sequer repara que Funakoshi Sensei posa para a foto oficial do Karatê com vestes negras, sem almenos indagar a respeito, ele está pedindo para ser enganado.

Fato é que a mística por trás das Artes Marciais que remonta, principalmente, o cinema, é uma das coisas mais procuradas pelos praticantes e muitos destes "Mestres" se aproveitam disso para venderem o mistério.

Certa vez deixei um pequeno Bonsai morrer por falta de aguá, em uma semana em que estive viajando,
ao chegar no Dojo deparei-me com ele já totalmente ressecado e uma ideia me ocorreu.

A medida que os alunos iam chegando me pediam explicações, esperei que todos chegassem e expliquei-lhes absolutamente concentrado:

"Este Bonsai está agora, representando a transitoriedade da matéria, determinando o fim de um ciclo e o começo de um novo, quando sua matéria irá se decompor e se reintegrar ao todo." 

Não obstante a relevância das afirmações, que levaram alguns dos mais crédulos às lágrimas,  fato era que eu havia simplesmente esquecido de regar o pobrezinho, o que quando revelado, tornou-se enorme decepção. Ou seja, queremos a mística, queremos o lúdico e porque não, queremos o "embuste". 

A ignorância é a mola motriz do preconceito!

Quando, a cerca de dez anos, comecei a apresentar algumas técnicas do Karatê Jutsu, fui extremamente criticado e até mesmo ridicularizado por alguns "Mestres" e seus "achistas", obviamente não de maneira declarada. Hoje, contudo, está cada vez mais fácil encontrarmos literatura a respeito do Karatê Jutsu, até mesmo no site da NKK,(JKA), há uma página contando toda a história em detalhes. Mas os pseudo "Mestres" fazem questão de não ver. Por que, a essa altura dos acontecimentos admitir que estavam errados, que tudo o que ensinam e sabem a respeito do Karatê é apenas uma pequena parte, corrompida pela vaidade e pelo "Ego" que acompanham as competições? É mais fácil seguir os princípios da física quântica, apesar de ignorá-los também, que determina que para nosso  cérebro o que não é visto pelos olhos, potencialmente não existe, e dessa maneira escondem-se atrás de seu "desconhecimento".

Meus amigos o que quero dizer, mais uma vez, é que a informação existe e está ao alcance de todos! Nosso Karatê definitivamente não é um "jogo de kimono", e sim uma técnica extremamente extensa e rica com milhares de nuances desprezadas em detrimento à competição e ao comercial. 

A muito pouco tempo atrás estive à banca de um exame para Godan, onde o sujeito, perguntado o que seria  (em essência) o Karatê, solenemente respondeu: "Uma Arte Marcial", senti-me profundamente envergonhado, não do pobre sujeito, mas dos outros "Mestres", que lhe outorgaram o 5º Dan, conseguindo assim seu intento,fomar "professores" que saibam menos do que eles.

Oss!